A realmente democrática Coreia sob os comandos e após a queda ainda reversível de sua Dilma

Os anseios majoritários gerais da população da Coreia do Sul originaram uma parcialmente literal luz que orienta os passos dados pela Justiça e a maioria dos representantes sociais legislativos na instituição do destino político da mais poderosa autoridade do Executivo, a hoje ex-presidente Park Geun-hye. Até o derradeiro e irreversível veredicto sobre a validade do impeachment da figura, para 13 de março previsto, e na sua sequência, caso ocorra (frustrando os planos de quem se dispõe a abortá-lo), o embate entre movimentos favoráveis e avessos à reconfiguração do establishment tenderá a se acirrar, havendo infelizmente certa probabilidade de fugirem ao aprazível tom pacífico das manifestações. Os aspectos da trama que já experimentamos por aqui não se resumem ao fato de se ter rompido um mandato presidencial feminino, tornando necessário acompanharmos tal verídica novela de outro lado do mundo servível na avaliação e em atos reparadores de nossas aptidões políticas segundo o que der para aprender com diferenças no manejo da situação vigente naquelas bandas.

Emana cronologicamente de outubro, ainda estando em curso, uma "revolução das velas" coincidente com escabrosas revelações de ilicitudes implícitas em tarefas do governo federal sul-
-coreano. Os artefatos incandescentes, com suas chamas direcionadas só ao ar, junto com cartazes e slogans orais rechaçando a bandalheira da qual Park era cúmplice compõe o singelo armamento das multidões que se aglomeram em vias e áreas de uso similarmente comum não apenas em Seul contra a farra.

O retrato moral de Park que os membros da Assembleia Nacional e equipes judiciais elaboram desde quandio a primeira depôs a presidente (9 de dezembro) permite geralmente boas certificações à índole de quem busca um destino para a ex-mandatária inspirado no mesmo – os empunhadores de velas, os parlamentares oposicionistas e desertores do partido conservador Saenuri, a legenda dela – e denuncia os autênticos interesses dos teimosos em advogar pela absolvição da ré. É muito menor que numa travessura infantil a margem de tolerância cabível às peripécias da egressa chefe pública em virtude da inversa proporcionalidade entre os efeitos de cada caso.

Aquele povo cuja maioria condicionara no instante eleitoral as atribuições da chefia de sua nação a Park Geun-hye vem descobrindo que a escolha dela adicionou extraoficialmente um grupo indevido de pessoas físicas e jurídicas com intenções e atitudes nocivas às demandas gerais a serem supridas através de parte dos lucros que os contribuintes alcançam sobretudo na base do trabalho.

Nas pretensões de Choi Soon-sil, amiga de longa data de Park, e na grande intimidade com os afazeres administrativos, mesmo sem ocupar um formal cargo, ocasionada pela relação está o núcleo semântico de praticamente tudo de errado que está vindo à tona como tendo sido praticado na Casa Azul, ou Cheong Wa Dae (sede da presidência). O suposto fomento por ela, sua sobrinha Jang Si-ho e a filha Chung Yoo-ra a projetos sociais esportivos justificava compromissos de duplo sentido entre conglomerados empresariais, nomeadamente a Samsung, e o governo, em que os primeiros efetuavam repasses em espécie e do segundo a mencionada companhia ainda teve de acatar pressões (mediante o Serviço Nacional de Pensão) para fundir duas subsidiárias (C&T e Cheil Industries). Outra responsabilidade de Choi teria sido o aval a omissões da chefe do Executivo que renderam as mais literalmente trágicas consequências para os sul-coreanos. Resultou em mais de 300 mortes o afundamento da balsa Sewol em 16 de abril de 2014, com a contribuição de vácuo temporal de sete horas na disposição da estadista para instruir as equipes de resgate acerca de como procederem para terem salvo mais vidas. Já prestaram serviços à intrusa profissionais de estética suspeitos de fazerem-no à comandante nacional naquele que era um dos menos adequados momentos. Sucedeu ao imenso desastre uma mobilização midiática e cultural contestando o desempenho de Park, que junto a servidores simpatizantes demonstrando latente remorso frente ao modo como fez o evento atingir vista magnitude pretendia calar mediante propositais negligências em incentivos artísticos os indivíduos e organizações autores das críticas, alvos precisados em uma "lista negra".

Simultaneamente à aproximação do juízo final contra Park Geun-hye, a Coreia do Norte retorna às pautas jornalísticas e humanitárias mundiais com a suspeita de encomenda pelo atual presidente Kim Jong-un do aparente envenenamento do irmão opositor Kim Jong-nam em um aeroporto internacional de Kuala Lumpur, capital da Malásia. A exposição da balbúrdia na gestão pública sul-
-coreana e sua aguçada apuração sucedente ao impeachment da presidente vieram a tempo de barrar a possível involução dos sistemas institucional e produtivo para um regime análogo ao da outra fração da Península da Coreia no modo de distribuir entre o povo o direito a bem-estar e livre iniciativa, diferenciando-se na adoção de base capitalista, porém beneficiadora dos envolvidos à medida em que forem leais às lideranças.

Lançando mão da hipótese ambígua de os protestos com velas estarem recebendo suporte de um simpatizante das autoridades soberanas vizinhas, os advogados de Park no desespero para salvarem a contratante e supostamente o conjunto social dão palpite favorável à sujeição das demandas gerais a uma não menos tirana forma de gerência previsível de instalar-se a longo prazo. Lhes concede apoio no seio das manifestações solidárias para com a destronada mandatária a confessa (durante entrevista ao noticiário Korea Exposé) de um participante da disposição para responder infringindo a lei a ilegalidades que podem ser cometidas pela turma das velas, que em alguns eventos seus chega a quantidades de adeptos, na casa dos milhões, grandes o suficiente para englobar opositores tanto da manutenção do status quo quanto de sua troca pelo ideário Juche como saídas para o momento caótico. Desse apego a ideologias políticas e, o mais grave, a símbolos humanos delas sem um olhar analítico sobre como e até que ponto se adequam a cada demanda grupal sentimos por aqui os agitos desde quando Dilma perdeu o cargo presidencial. Os conservadores sul-coreanos que veem em qualquer sujeito crítico de Park, mesmo tomando em geral posicionamentos similares sobre a estrutura de governo e a economia, um amigo de Kim Jong-
-un integram a linhagem comportamental de que fazem parte os esquerdistas brasileiros crentes na existência apenas a seu lado de parceiros do povo, enquanto quem exibe ideias dispares é obrigatoriamente "burguês fascista que não suporta dividir avião ou shopping com pobre".

Se a queda de Park for definitiva, não será o fim da viabilidade de planos de desenvolvimento conservadores. Querem isso provar desertores do Saenuri iludidos com o foco do mesmo em resguardá-la em detrimento à cautela com a influência dos escândalos no vigor moral da população, que estão constituindo o Novo Partido Conservador para a Reforma. Uma vez circundando a Assembleia Nacional metas importantes como uma reforma constitucional redutora dos poderes e modificadora dos mandatos presidenciais, em adequado momento o principal partido de oposição a Park, o Partido Democrático, demonstrou interesse em averiguar se na fetal agremiação será negada a indestrutível imunidade a qualquer membro ainda que defronte fortes pistas de não ser santo ou o vício permanecerá, transformando o grupo num Saenuri 2. Em um contexto de importância da reconstrução da confiabilidade do último o tom agressivo da relação tida até como agressiva de seu líder interino In Myung-jin com os subordinados parkistas constitui apenas uma expressão exorbitante de válido descontentamento com o desvio funcional do partido.

De 19 de novembro, quando o museu histórico nacional sul-coreano abriu espaço para doações de fotos e outros materiais referentes às mobilizações populares, para cá uma progressiva gama de sentimentos coletivos em formatos alinhados aos desdobramentos do impasse implicita-se nos resquícios da realidade contemporânea para que as gerações futuras decifrem-nos na hora de buscarem as lições passíveis de aproveitamento no contorno de vindouros desafios. Caprichar é preciso no desfecho da trama e posteriores reações aos impactos dela. À mercê da eficiência dos trâmites encontram-se o futuro da Coreia do Sul e a serventia de suas providências em relação a essas disputas como exemplo internacional de que necessita, por exemplo, o Brasil.

(Referências:
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