Eleições municipais: enredos diversos inspirados na seminova conjuntura geral

O pontapé inicial deste mês foi sucedido por um domingo em que os brasileiros aptos a votar deram seus pareceres sobre a configuração que o Executivo e o Legislativo de muitas cidades assumirá nos próximos quatro anos. Como sempre acontece, em nem todos os municípios o saldo apurado nas urnas constatou distância segura nos votos entre concorrentes ao primeiro ramo governatício da instância política que age mais diretamente sobre as populações. Para os munícipes residentes em locais nesta situação há uma nova chance no segundo turno estabelecido para o último domingo e penúltimo dia do mês. Em variados ambientes de Brasil o processo eleitoral e instantes antecessores basearam altos e baixos velhos conhecidos nossos de tantas disputas precedentes e outros, em parte subprodutos seus, pouco familiares à relativa firmeza da democracia brasileira aproveitáveis na fundamentação de providências com desejo de repetir a dose dos bons e deixar apenas na lembrança os maus.

Fez-se a primeira rodada, assim como ocorrerá na segunda em muitas zonas urbanas brasileiras, com o diferencial de haver ainda menos tempo, após a corrida dos pretendentes a ser prefeitos (junto com os candidatos a vice) e vereadores para arregimentar cidadãos dispostos a fornecer aval à posse deles, seja na base de abordagens a domicílios e vias públicas ou organizando reuniões fixas, em ambas das quais os desejantes dos cargos públicos lutam para persuadir os eleitores informando-lhes o que vão manter ou mudar para melhor no leque de assistências ao bem comum.

É um momento para decisões certeiras na escolha das lideranças nas mãos das quais vai ficar a gerência das instalações e equipamentos destinados a fins médicos. Quem integra a mão de obra ou o conjunto estudantil de recintos educacionais, além dos discentes universitários ou vindos da zona rural e outras áreas de trabalhoso acesso que usam do transporte público, adiciona-se à confraria receptora de propostas. Aí também há espaço para os dependentes de ônibus e similares aparatos que percorrem outros itnerários componentes do transporte coletivo. Hora-chave ainda para os indivíduos que, não importando o quanto arrecadam de impostos, contam, perto de onde moram ou trabalham, com iluminação pública precária e asfalto repleto de buracos ou ausente, que obriga os contribuintes a limpar o tempo todo suas casas ou negócios tanto em dias chuvosos quanto sob tempo quente e seco – assim sendo a queixa de um comerciante do bairro Nossa Senhora das Vitórias, em Ilhéus, no litoral da Bahia, ao encontrar a equipe do prefeitável Bebeto (PMDB), que escapou dessa responsabilidade remetida ao vencedor, Mário Alexandre (PSD), ou Marão. A lista é longa, incluindo também as particularidades de como funciona cada setor mencionado variantes entre cidades e estados.

Em conformidade com a demanda, mais exigente em tempos de histórica onda de cercos a políticos desonestos, torna-se praticamento óbvio o destino estimado a candidatos sem profundos conhecimentos e, em consequência, propostas que compensem os últimos desmandos em todos os ramos do bem coletivo. Os eleitores douradenses por trás da audiência das matérias especiais em que o Dourados News questionava os aspirantes à prefeitura da mais populosa cidade do interior sul-
-matogrossense sobre suas metas tiveram credível papel no posicionamento de Wanderlei Carneiro (PP) – que não respondeu quando teve a chance de propor medidas em dois temas de forte relevância, mobilidade urbana e amparo a usuários de drogas –, no ranking das apurações das urnas, a cujo topo foi alçada Délia Razuk (PR).

Fica o alerta àqueles que se aventuram em busca de seus lugares no manuseio da máquina pública, sendo que nem os partidos têm escudos contra o ressentimento popular originária das inoperâncias ou contravenções partidas de membros destas estruturas tanto de pequena como média ou grande capacidades influenciadoras, chegando no último caso a borrar a honra das legendas. Não tendo mais Dilma como correspondente no posto mais alto do Poder Executivo da República e estando a poucos passos da cela seu outro membro que antes ocupara tal acento, o PT deu ré na coleção de prefeitos empossados, enquanto o PSDB foi fortemente propelido em sentido inverso, o que não lhe reflete antecedentes mais digeríveis. A aceitação de suas propostas entre a sociedade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, não estorvou a intervenção do panorama deplorável em que o PT se encontra hoje na escolha majoritária, que elegeu Antídio Lunelli (PMDB). Para o bem de Sorocaba (SP), seu povo deixou Glauber Piva fora do segundo turno ante desconfianças a respeito de como o Executivo andaria sob o comando dele possivelmente trazidas pela saia justa que o postulante enfrentou no decorrer de entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul quando exemplificou a cor vinho de sua camiseta como prova de que mantinha o vermelho, a estrela e o número 13 – a simbologia petista – no material de campanha. O papel de raiz do engano se aplica bem a um desinteresse em planejar formas lúcidas para defender o que ainda restaria para ser salvo na credibilidade da agremiação na sequência da grande baixa que as altas lideranças tentaram evitar e agora lamentam com atos e argumentos também frágeis por estarem alheios à realidade que envolveria o reconhecimento dos próprios erros do grupo.

Em algumas cidades cuja população eleitora haverá de retornar às urnas, os passos iniciais com direção a experiências administrativas aparentemente melhores que o quadro atual tanto na competência como na honestidade dos representantes foram dados na escolha dos vereadores. Quem ascende a este posto torna-se responsável por elaborar e alterar leis conforme mudanças nas demandas urbanas e rurais, além de monitorar as práticas do Executivo e tomar as medidas de praxe em caso de anomalias, o que faz do cargo ponto ideal para o começo de carreiras políticas em razão de introduzir os iniciantes de forma simplificada nos desafios encarnados pela lida com as divergências no interior das casas de leis e no seu relacionamento com as outras divisões do poder. Em 15 de setembro a Operação Indenizar-SE, realizada para averiguar sucções irregulares de recursos públicos que vereadores de Aracaju executavam através de contratos fictícios, pela segunda vez impactou o quórum da casa legislativa da capital sergipana no momento e semanas depois, quando as urnas estiveram disponíveis ao povo. Por força de nova fase, sucedida por outra em março, de operação conjunta entre Polícia Civil e Ministério Público Estadual, dentre os 15 edis implicados no caso, dois foram presos e oito afastados, também perdendo o direito a manter suas vagas na Câmara durante os vindouros anos sob o peso da vontade popular. Citando o exemplo daqui do estado, além de abortar o plano para reeleição do prefeito Alcides Bernal (PP), a maior parte dos votantes de Campo Grande decidiu pela conservação de apenas 11 edis no setor legislativo e a reserva de 63% das cadeiras a gente nova, significando isso uma derrota para ideais interesseiros sustentados por uma grande cifra de parlamentares que, cassando em 2014 o prefeito em troca de vantagens exclusivas a eles, deram seguimento às insuficiências estruturais da cidade.

Nesses distintos espaços do Brasil iguala-se a incompletude na faxina provinda da escolha cidadã, desembocando cada caso na prorrogação de mandato de um dos muitos legisladores suspeitos. Não estando entre os afastados, Doutor Gonzaga (PMDB) fez parte das apostas ganhas da população aracajuense, mesmo êxito de paulo Siufi (que também é filiado a dito partido) em rota contrária a controversas práticas suas na Casa de Leis da sede administrativa de Mato Grosso do Sul. Não dá para atestar a utilização por estes candidatos, mas muitos atos delituososos cometidos por líderes políticos, seus auxiliares de campanha ou pessoas externas às interações que transcorreram na hora e antes da maratona democrática apesar das mudanças nas regras eleitorais, deram cada qual sua contribuição nos respectivos lugares do país onde realizaram-se, ludibriando ou intimidando o povo, para manter no Estado um considerável espaço a estes injustos modos de fazer política.

As alterações na campanha resultantes de uma resolução de 2015 do Tribunal Superior Eleitoral, que encurtaram o tempo de propaganda e a vetaram em aparatos públicos ou de uso comum – atenuando a poluição visual típica desses momentos –, pouco terão dificultado quem se lançava no pleito segurando bandeiras de ideias positivas, na verdade incentivando tais pessoas a investirem no desempenho. Porém, uma vez que não houve um regulamento dos reforços na segurança das cidades no instante das eleições que induzisse as autoridades regionais a plamejar melhor as ações de policiamento nas ruas durante a noite e a madrugada antecedentes à grande hora, candidatos para os quais o acesso do poder é caso de vida ou morte tentavam convencer os eleitores com seus "santinhos" que no dia seguinte brindaram os garis com um trabalho mais puxado, um pouco menos em Cuiabá (MT), onde voluntários do movimento Associação Política Jovem fizeram sua parte limpando o retrato da atitude. O novo design das normas não amorteceu a vontade de gente que pretendia se eleger com trocas de favores financeiras, como foi muito bem constatado por autoridades policiais de Alagoas envolvendo-se na investigação da compra de votos nas cidades de Rio Largo e Pilar em um mesmo dia, 23 de setembro. Um elemento facilitador das coisas para os espertinhos é a violação da privacidade garantida no uso da urna eletrônica, da qual foram flagradas tentativas que aqui no estado levaram à cadeia dois homens sul-matogrossenses, um de Campo Grande e outro de Amambai, por fazer selfie na cabine de votação, cenário fora dos limites do que em certo grau faz serem inofensivos estes novos hábitos exibicionistas.

Nem os modos cotidianos de manifestação da violência faltaram para relativizar a solidez das garantias de segurança no exercício do direito a arrecadar e captar votos. Importunações a candidatos pelo país inteiro que chegaram ao ponto de ocorrerem assassinatos, maneira como se encerrou a corrida por sufrágio para José Gomes, aspirante à prefeitura de Itumbiara (GO) atacado por um atirador numa reunião política a céu aberto poucos dias antes das eleições, expuseram a infantilidade desonrosa mesmo entre torcidas de futebol sob os estímulos da qual certas pessoas guiam suas vontades e decisões numa pauta cujos direcionamentos sentenciam povos inteiros a suas específicas consequências.

Toda essa batelada de eventos mostra de modo tão heterogêneo, apesar de similaridades básicas, quanto as realidades variantes em cada região desse imenso país que nossa democracia e liberdades legalmente instituídas xontrastam com manobras tendenciosas e em parte despóticas de inimigos internos que promovem complôs de sabotagem dentro e fora do Estado. Nascida no mundo ocidental na base das lutas de inúmeras classes populares ao longo de tempo, a flexibilidade no acesso de cidadãos comuns sem distinções sociais, culturais e monetárias às plataformas estatais e/ou seus membros para guiá-los a atuar em benefício ao bem-estar social, é do conjunto inteiro, ao se portar melhor, que podem partir as consciências capazes de mudar os erros na interpretação da vontade coletiva pelo pessoal que detém o poder.

(Reprodução:
http://www.douradosnews.com.br/noticias/cidades/eleicoes-municipais-enredos-diversos-inspirados-na-seminova-conjuntura-geral

http://www.folhadedourados.com.br/noticias/dourados/enredos-diversos-inspirados-na-seminova-conjuntura-geral

Referências:
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