A farda não intimida mais

Este mês não pode transcorrer despercebido como pretensa referência para ações a serem desenvolvidas para e por policiais e outros empregados públicos do setor de segurança do mundo inteiro para mobilizar a sociedade e o Estado em volta do correto atendimento às condições favoráveis a um frutuoso empenho das categorias em suas atribuições. A bruxa voa solta pelo planeta e atacou duas vezes nos Estados Unidos e uma por aqui, caso ocorrido no mesmo dia que um dos atentados a forças de segurança americanas – fora fatos iguais ocorridos agora e anteriormente em todos os países, quer pela criminalidade, quer por guerras ou insurreições populares, ganhando interesse apenas dos meios de comunicação locais.

Quem tem ou já teve hostil convívio especialmente ao lado de suas casas durante a noite com "reis das ruas" que se valem de retumbantes aparelhagens reprodutoras de música – nem em cuja qualidade os donos colaboram para ser ao menos tolerada no entorno – necessita saber da unicidade do relato às equipes policiais como método eficaz de resposta às poluentes (em se tratando tanto do barulho quanto do lixo deixado pelo consumo de alimentos, bebidas e outros produtos geradores de prazer, lícitos ou não) movimentações. Os guardiães da lei, durante a preparação para tal, recebem conhecimentos úteis na lida com anormalidades nos ânimos dos festeiros. Fatores como o vigor dos treinamentos, a quantidade de agentes e a serventia dos recursos materiais que recebem encaminham as missões para os proporcionais desfechos. Pelo saldo do acato por uma equipe da Polícia Militar de Goiás a chamados sobre perturbação de sossego na noite do dia 8 no distrito de Itacaiu, município de Britânia, se conhece mais ou menos as condições delegadas aos agentes.

Em falta no enredo, certos detalhes no preparo da operação conferiram espúrio valor às adaptações com ajuda do Estado feitas na vida de dois PMs para o exercício do cargo, um dos quais a perdeu sob o fogo da própria arma com que foram feridos outro oficial e dois civis presentes na confraternização feita nas proximidades de um espaço comunitário após este sediar um evento esportivo.

O procedimento consistiu em duas abordagens ao grupo que ouvia música em excessivos decibéis, respondendo a segunda à desobediência da ordem para desligar ou abaixar o som, prática comum. A importância a ser dada a garantias de que os policiais respondam às convocações protegendo a si e os inocentes manifesta-se na possibilidade de reagirem os transgressores de maneira imprevisível, tal como atuaram a esposa e o pai do proprietário do som, descambando para esta triste marca na história britaniense. Faltando nos coldres dos soldados armas não mortíferas, em cujo uso se tem a intenção de apenas reduzir temporariamente os potenciais físicos dos agressores, como dispositivos portáteis emissores de substâncias lacrimogêneas ou descargas elétricas (as pistolas Taser), houve retardo em suas práticas para conter a histeria da mulher do infrator no desespero para não vê-lo no camburão, lugar certo para ela também. Esta primeira resistência foi o acendimento do pavio de um pandemônio sem igual naquele lugar, que seguiu-se com o pai do suspeito contagiar-se com as demonstrações tardias da nora de temor pelo peso da lei após todos a infringirem e ganhar coragem para retirar a arma de um dos policiais com a qual o matou e feriu um colega do mesmo e duas pessoas (a contar seu filho). O atirador só parou abatido pelo militar sobrevivente, não a tempo de evitar a concreta perda para a corporação, mas de impedir um fato no molde de muitos tiroteios típicos dos Estados Unidos.

Aquele 8 de julho foi ainda mais fatídico para a terra do Tio Sam à causa de um tipo de acontecimento que, repetido após nove dias, impulsiona o debate sobre as condutas da polícia e até onde é viável a concessão parcial pelo governo à população do direito a proteger-se de membros seus pretensos a intimidar ou agredir semelhantes sem ligação lúcida com suas revoltas.

É, sempre, malgrado a aproximação dessas pautas quanto aos holofotes por infortúnios assim, hora de revisão no sistema de propagação de dados a princípio educativos acerca do passado muito intolerante do país que há tempos defende em tese a liberdade, justiça e democracia. Mediante a prudência menor nas abordagens e custódias policiais de criminosos e suspeitos negros que em casos envolvendo brancos e as inúteis reações de "heróis" desta categoria marginalizada contra supostos membros da "maioria opressora", um atirador que matou 5 agentes de segurança no dia 8 em Dallas, no Texas, e o que tirou a vida de 3 e lesionou outros 3 no dia 17 em Baton Rouge, capital da Louisiana, aos olhos das autoridades e do povo se expõem incorreções favoráveis ao sustento entre alguns estadunidenses das mútuas hostilidades inter-raciais impossíveis de dar vítória a qualquer dos envolvidos. Um segundo assunto cuja gerência popular e oficial traça o panorama e os prognósticos quanto aos índices de violência por este e quaisquer outros motivos é a problemática armamentista. Entre boa parte dos governantes dos USA cairiam bem recomendações incisivas a fim de que para a realidade acordem da preocupação apenas com fatores como o lucro da economia bélica e reformem os ditames a respeito do calibre das armas e quantidade de munições dispostas aos cidadãos frente à ameaça que o direito à vida igual entre todos encara graças a negligências na legalidade da autodefesa.

Embora podendo, e com esperança de progressos, a modernidade da comunicação e outros costumes e deveres não manteve posicionados como devem os valores de respeito aos semelhantes, à família e às outras instituições sociais, mesmo no caso das de maior apelo no equilíbrio coletivo. Acontece o inverso, a ruína de algo que nunca teve plenitude na história humana. A ratificação, em esforço mútuo, pela sociedade inteira e seus membros com maior domínio sobre o conjunto (o Estado) dos limites à busca por cada ser da satisfação de seus desejos tem valor atemporal no afastamento de todos nós quanto a experiências indesejáveis a ser colhidos durante a rotina como frutos de possíveis práticas viciosas nossas.

(Referências:
http://www.dm.com.br/cotidiano/2016/07/pm-morre-apos-ter-arma-roubada-por-homem-e-ser-baleado-veja-video.html

http://www.emaisgoias.com.br/um-policial-morre-e-outro-fica-gravemente-ferido-apos-confusao-eitacaiu

http://diariodegoias.com.br/cidades/27835-confusao-em-britania-causa-morte-de-policial

https://impresso.dm.com.br/edicao/20160710/pagina/3

http://edition.cnn.com/2016/07/17/us/baton-route-police-shooting/

http://www.usatoday.com/story/news/2016/07/17/reports-baton-rouge-police-officers-shot/87218884/)

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