Amor (tão forte que se voltou contra o) bandido

A sangue foi atipicamente banhado no panorama midiático (em especial na imprensa de Minas Gerais) o sábado 21 de maio com um insólito "crime passional" em um hotel em Belo Horizonte. A proximidade a um revólver levou a apresentadora de televisão e ex-modelo Ana Hickmann para muito perto da via de sentido único para onde seu cunhado e assessor mandou, com pouco provável intenção, o indivíduo que segurava o artefato e com ele quase causou o mesmo à cunhada e assessora da artista. À família de Rodrigo Augusto de Pádua veio inesperado choque em sintonia com exaltada admiração dele pela apresentadora a respeito da qual os consanguíneos pouco sabiam, ao menos por enquanto a todos nós acordando para que zelemos pelos limites na lida com situações desta natureza.

De Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, Rodrigo procedia e partira para o Hotel Caesar Business, no Belvedere, zona sul da capital, naquele que se tornara seu único dia de fama, sem que pudesse, entretanto, apreciar a exposição aos ho!ofotes midiáticos. Para lá regressou sem vida aos 30 anos, enterrado após penoso reconhecimento pelo irmão. Não por acaso o juiz-forano chegou a esse ponto, mostrando seus antecedentes pessoais que só numa foz assim a correnteza seguida por ele sem resistência poderia desaguar.

Uma vantagem da internet está em favorecer atitudes impossíveis no plano material, podendo, cabe citar, uma pessoa "se virar em" duas, dez, cem, mil, o quanto puder! Desta arma Rodrigo não economizava munição, disparando perfis em seu nome no Twitter, além de um no Instagram para dar conta de tanta paixão ilusória, sensação de que estava em um relacionamento com a apresentadora (possíveis sintomas de um transtorno conhecido por erotomania). Levando hipotética vantagem na atual situação de desemprego em que se encontrava o iludido, junto às desordens psíquicas a depender de problemas orgânicos particulares e/ou histórico de harmonia no ambiente em que vivia desde criança, este amor insano assim era por causa, além da incomunicabilidade pessoal entre ambos em função das diferenças no status social e rotina de cada um, de conteúdos retratando acontecimentos parecidos com os enfrentados por muitos casais plenos, tendo o extremista reagido à "atenção" intercalada a "desprezos" que sentia receber da comunicadora televisiva.

Nas duas faces do enredo que nos primeiros momentos de seu transcurso indicavam total antagonismo o recuo horizontal da poeira vai deixando lugar no campo de visão para ressalvas na culpabilidade dos envolvidos. Os três tiros efetuados contra Rodrigo por Gustavo Henrique Bello, cunhado e assessor de Ana Hickmann e esposo da assessora baleada, após conseguir tirar a arma do agressor, que acertaria em Ana as balas que atingiram a concunhada e pretendia com a artista jogar "roleta russa", são o que impossibilita entendimento comum do caso pelos dois grupos de participantes e pessoas ligadas a eles.

Sobre a tragédia opina a família de Rodrigo julgando fria e cuel sua transformação de causador para mais uma vítima dos distúrbios, também reprovando a projeção midiática do caso, segundo os parentes projetora de monstruosa imagem do rapaz incompatível com o ser que conheciam. Entendimentos assimiláveis nestas mentes enlutadas nos tempos em que já estiverem se reestruturando após a perda são os pouquíssimos prováveis intenção de Gustavo em matar Rodrigo e compreensão pelo primeiro de ser isso a melhor saída para a crise, de cujo término a maneira em que se processou também seria resultante da temporária cegueira racional causada por emoções de tão tenebrosa força. As incógnitas a serem respondidas pelas condutas investigativas policiais incluem, portanto, o atestamento (se tiver ocorrido) desta dinâmica.

Pondo-se a nossa frente de modo bombástico, o episódio sinaliza em tom de alarme vermelho novo nicho do cotidiano de muitos de nós merecedor de reavaliações e ajustes na medida do necessário para que todos usem de seus direitos individuais conforme acatarem as necessidades coletivas. A identificação pessoal de muitos cidadãos com semelhantes de maior fortuna e talento para algum ofício na sociedade surte efeitos lucrativos quando das coincidências entre os interesses de admiradores e admirados.

Normal este alinhamento costuma ser considerável quando foca no nível de habilidade exigida na arte ou qualquer outra ocupação onde alguém atue admirando ou sendo admirado por outrem, não se podendo tratar os grandes representantes do setor como livres de cometerem atitudes pessoais ou profissionais alimentadoras de críticas, cujos signatários igualmente não se isentam de fazer de maneira construtiva, baseadas na realidade ao invés de considerar os palpites do emocional dos manifestantes das opiniões. Por outro lado, desejos de ter o ídolo eternamente próximo de si (ainda mais como cônjuge) ou seguindo a carreira sem mudança alguma apresentam em sua superfície forças capazes de atrair (só faltando aproveitar) reflexões abrangendo a importância do domínio sobre estas vontades, constituindo elas um real perigo à privacidade e segurança das figuras populares, direito inerente à igualdade em todo ser humano nas respostas sentimental aos diversos estímulos externos.

É juntar aos primitivos pensamentos exaltadores os princípios comportamentais a cuja adesão o Estado e a mídia conclamam o povo no contexto em que o fanático vive, e a mistura passará a exigir só um pavio. Nossa presente majoritária cultura fabricada pelas grandes cadeias de comunicação sob a indiferença do governo (por exemplo, do sistema educacional inábil no preparo dos cérebros jovens para resistir ao fenômeno alienante), baseada na sensualização feminina e incentivo para ambos os gêneros humanos a condutas sexuais menos pudoradas, instalara uma fachada de realidade nos devaneios de Rodrigo. Isso equivale às flexíveis regras para porte de armas nos Estados Unidos teriam vitimado icones do rock como o ex-Beatle John Lennon em 8 de dezembro de 1980 e a exatos 24 anos depois o guitarrista de heavy metal "Dimebag" Darrell Abbott, ex-Pantera, que tocava à época no Damageplan. Os dois sucumbiram nas mãos de homens que converteram seu fervor pelos mesmos em ódio ao discordar de atitudes deles, sendo que no último caso Nathan Gale baleou outras pessoas no show do Damageplan até ter nas mãos de um policial o fim que a algumas vidas, como a do guitarrista, dera.

Todas as mentes sadias estão sempre convocadas a manter o equilíbrio da balança que num prato contém a simpatia por indivíduos ou organizações com afáveis habilidades e no outro, os não menos tratáveis como prazerosos deveres de todo ser humano para com os anônimos de nós muitos mais próximos, ajudando também as cabeças cegas a sairem da escuridão. Para as figuras com potencial tietável a tarefa se apresenta na conselho para só expor em seus canais de comunicação com o público o que corresponder aos valores adequados a serem vistos pelos acompanhantes. Na história, os fatos envolvendo Hitler e seus discípulos exemplificam completamente os dois possíveis finais da estrada das paixões sem rédeas. A loucura do chefe político nazista o fez por em prática a mortal repressão contra mais de 6 milhões principalmente de judeus e também outros grupos humanos incomôdos a uma sociedade pura e, após o projeto começar a falhar, virou-se contra o próprio idealizador, que renunciou à vida.

(Conteúdos que basearam este artigo:
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/05/21/interna_gerais,764939/homem-invade-hotel-e-tenta-matar-ana-hickmann.shtml

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/05/22/interna_gerais,765082/corpo-do-homem-que-planejava-matar-ana-hickmann-sera-enterrado-em-juiz.shtml

http://www.otempo.com.br/cidades/enterrado-f%C3%A3-que-tentou-assassinar-ana-hickmann-em-hotel-de-bh-1.1304443

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/05/22/interna_gerais,765093/tiros-em-hotel-eram-direcionados-para-ana-hickmann-diz-advogado.shtml

http://www.otempo.com.br/cidades/irm%C3%A3-de-agressor-afirma-que-morte-foi-fria-e-cruel-1.1305572

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/05/21/interna_gerais,764972/suspeito-de-atirar-em-ana-hickmann-era-bom-e-normal-segundo-irmao.shtml

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/05/24/interna_gerais,765604/familia-de-agressor-de-ana-hickmann-busca-respostas-em-computador.shtml

http://www.otempo.com.br/cidades/f%C3%A3-amea%C3%A7ou-fazer-roleta-russa-com-ana-hickmann-antes-de-atirar-1.1305924

http://www.otempo.com.br/cidades/irm%C3%A3-de-agressor-afirma-que-morte-foi-fria-e-cruel-1.1305572

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/05/21/interna_gerais,764994/delegado-diz-que-morte-de-agressor-de-ana-hickmann-foi-legitima-defesa.shtml)

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