Dúvidas entre amordaçar e permitir com ressalvas

A exposição de assuntos políticos, religiosos, culturais, sociais e sexuais – correspondentes até a partes das raízes dos currículos educacionais – parece vulnerável a ser arrancada com pressa alheia às feridas em cujo alívio os debates têm papel nas escolas de Campo Grande. Vieram da Câmara Municipal e do Ministério Público as desmedidas restrições, sendo que os ventos soprados a partir do primeiro organismo encontram no posicionamento do prefehito Alcides Bernal (PP) rochedo impossível de mover para seus destinos finais.

De qualquer forma, o ensino nos campos de conhecimento intimamente conectados à natureza e à sociedade demanda atenção a todas as fases da história humana e ambiental. Embora variando as circunstâncias, muitos fatos em distintas épocas apresentam sentido comum intrínseco às vontades humanas e forças da natureza, de sorte que é inevitável não interligar eventos de hoje a clássicos feitos em tempos distantes ao começo de nossa existência. Detalhe importante a contribuir para que os alunos eficazmente assimilem as lições é a imparcialidade dos professores ao repassá-las, o que significa não ser correto priorizar o contato dos estudantes com determinadas versões dos fatos.

A ideia do vereador campo-grandense Paulo Siufi (PMDB) para regulamentar a abordagem escolar de questões cuja prudência no debate é proporcional a seu entendimento pelo coletivo, o projeto de lei 8.242/16, divide os movimentos sociais conforme a face que cada um lhe atribui. Para o autor e quem está junto dele ou apenas da proposta, há nela útil diretriz para a consolidação de escolas sem partido, enquanto o lado avesso da moeda vê uma mordaça aos alunos e professores.

A imprensa foi grande responsável pela atmosfera de contenda por, na sequência da aprovação do projeto na Câmara Municipal no dia 31, informar inicialmente que ele "proibia" (impedia em qualquer circunstância) debates sobre política, cultura, sexualidade e religião nas salas de aula {1}{2}{3}, emitindo depois o relato de que apenas lhes põe freios {4}{5}{6}{7}{8}{9}{10}. O mínimo emprego equívoco de palavras foi causador de densa nuvem tempestuosa que escureceu a visão de muitos para parcial explicação da matéria – indícios de por traz dela haver boas intenções – com trecho publicado em reportagem do Campo Grande News. No conteúdo restante, por sua vez, constariam falhas na sugestão legislativa reconhecidas por Siufi mesmo, que, dando terra a entendimentos tidos como inidôneos, à mesma atribui culpa pelos enganos midiáticos e manifestações populares.

Quanto Bernal terá contribuído para obter apoio popular anunciando que vetará a "Lei da Mordaça", após aprovada pela maioria dos vereadores tendo só dois votos contra, frente aos insucessos de seu mandato que nem quando a capital era regida pelo vice devido à cassação do titular se deu ao trabalho de mitigar? Contando que a propensa norma havia despertado o interesse até da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em analisar sua constitucionalidade. Aí poderiam se elevar aos olhos de todos "brechas" do projeto úteis aos edis cujas pegadas há na cassação interesseira do prefeito (2014-2015) visando passar longe dos roteiros pedagógicos, legalizando, no entanto, a presença do opositor, o líder municipal, possível razão do comunicado de veto que, se legítima, agregaria nova peça à imagem de sua atenção pelo ensino sugerida recentemente pela troca sem sólido critério técnico de diretores em colégios {11}.

Lhe apontadas pela agitação as lacunas interpretativas, Paulo Siufi expõs a alternativa de se realizar audiência pública com intuito de ouvir e procurar saídas para as dúvidas que o propositor do esboço legal não imaginava ter chance de surgir em meio aos estudantes, familiares e educadores. De iniciativas nessa altura necessitam massivamente todo o Brasil e territórios pelo mundo iguais na astenia política, econômica e/ou social.

A sociedade pede socorro em virtude do rebaixamento na prudência que inúmeros membros têm com a visão teórica e sua transfiguração prática de temas ao tipo de religião, sexualidade e outros setores comportamentais, além das capacidades políticas. Se torna primordial necessidade inserir os tópicos nas experiências pedagógicas, garantindo a mesma atenção em todos os seus aspectos pelos pedagogos, demonstrado que em lugar nada bom vamos parar caso não se detenha o ciclo do estímulo a afrouxamentos morais pela maior parte da mídia considerados "coisa boa e antenada com a modernidade" e apoio dessa mensagem por nossos jovens e até seus tutores, com consentimento de algumas autoridades.

Uma amostra são as determinações do Ministério Público Estadual impedindo que se reze "Pai Nosso" nas escolas municipais e particulares de Campo Grande {12}{13}. Seu objeto de favorecimento é a justificativa embaraçosa de Estado laico, quando ele não privilegia nem reprime esta ou aquela fé em suas políticas, tendo em vista que os ritos só prejudicavam as poucas pessoas que entraram com os pedidos e a maioria dos discentes e docentes partidários do ato responsável por frear a agitação característica dos primeiros em início de aula sequer foi ouvida. Em comum associação a pêsames, o um minuto de silêncio tomado por plano B em algumas unidades educativas tem vigor para ser meio de់ lamento pelo menor interesse a itens mais impactantes no funcionamento delas, como a eficácia das medidas que se estiver adotando para coibir violências entre alunos e a entrada de seus principais ingredientes, as armas e as drogas.

O caráter político de ensinar não podia ser melhor expresso senão pela confluência entre o generalizado desarranjo nacional e as divergências a respeito da abordagem adequada para seus elementos nos ambientes de ensino. Nesse momento e dele em diante precisa cravar-se na consciência do povo e dos guias estatais a importância do empenho conjunto em assegurar aproveitável espaço para a discussão de exemplos cotidianos atuais junto aos princípios teóricos e grandes fatos em épocas anteriores que marcam o assunto a ser estudado.

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