Fruto colhido mediante muito suor, num país desenvolvido

A Irlanda, país com a maior incidência de casos de fibrose cística (distúrbio genético ainda sem cura caracterizado pela excessiva produção de secreções pelas mucosas), simultânea e felizmente torna-se o porto mais seguro para eles com a inauguração de um setor especializado na doença no Hospital da Universidade de Cork, o segundo da nação e o mais limpo do mundo. Uma fabulosa notícia em paralelo ao fundo do poço em que chegou a saúde pública do Rio de Janeiro, um dos extremos atingido pela eficiência do serviço em todo o território nacional. Chamo a atenção, no entanto, para a inexistência de irmandade gêmea entre desempenho socioeconômico em altos índices e perfeição no modo operacional desta máquina. Para se chegar onde chegou o percurso foi tortuoso, não se diferenciando do ritmo em que costuma marchar o sistema governamental por aqui.

Não tem como sair de moda o otimismo. Dentro de uma humanidade com a moral cada vez mais corruptível há focos de resistência. Um deles é alimentado pela história de Kerryman Joe Browne, a fundação do organismo filantrópico voltado aos acometidos pela FC Buid4Life após presenciar um filho adolescente ser diagnosticado e uma amiga morrer sob essa condição. O legitimamente interessado expansionismo da instituição procurava trazer para os serviços de saúde o que juntou aos cientificamente atestados conhecimentos quanto à doença as vivências dos pacientes captadas com mais detalhes, o que vem conseguindo em parceria ao corpo docente, dicente e administrativo da Universidade de Cork e seu hospital.

Os trabalhos sob o regime de parceria entre o instituto de caridade e o centro médico deram os passos inaugurais em 2011. A luz no caminho do ainda interninável túnel para os pacientes e familiares ainda tinha uma luminosidade aquém do ideal.

Estando o propósito se iníciando e, puxadas a isso, ausentes grandes metas para um efetivamente digno amparo aos enfermos, a primeira medida de cuidados mais intensos foi criar num setor que recebe demandas relativas a doenças respiratórias uma cota de leitos para os portadores da fibrose. Nesse ponto a crença dos administradores hospitalares no término por aquele momento de suas responsabilidades gesticulava sua presença mesmo em país mais evoluído. Quem faz doações para a Build4Life vê o sinal permanecendo verde com o autêntico foco do grupo em sua missão a transparecer na rixa do organismo caridoso com o estabelecimento que resultou até no bloqueio pelo instituto de recursos para os quais pretendia garantir uso com plenos retornos mais que financeiros por motivo de não adaptação nos leitos reservados ao que se recomenda para resguardar a saúde dos pacientes, a bom alcance de infecções.

Em certo momento o preparo da solução improvisada adquiriu congruência com o início da edificação do setor 5B, restrito ao tratamento da fibrose cística para o qual a demanda é progressiva. Mais de 2 milhões de euros a entidade Build4Life angariou com a pretensão de destino à obra, acima da metade no começo estimada. Degraus a mais subidos na escada da qualidade do projeto por Kerryman graças a sua habilidade na captação de recursos em certo vínculo a provas de credibilidade dos em consequência delas produtivos exercícios visando o alcance de colaboradores.

Ele abalroou, entretanto, mais um abstáculo à meta beneficente. Antes do dia 7 do mês passado, em outras datas caíra a proposta de inauguração, acabando esta por fracassar. O motívo é muito conhecido empírico nosso, dificuldade em ser pontual na entrega de resultados que o povo cobra de seus administradores. Um hipotético detector da praga emitiria sinais de sua presença em qualquer lugar do mundo, embora varie pelo planeta a incidência da moléstia. Seja qual for o nível de esforço, é indício de libertação quanto às ideias distorcidas circulantes na sociedade que as absorvem da grande mídia, por exemplo, aceitar a vulnerabilidade de países como a Irlanda à existência, no volante das atividades essenciais, de criaturas que não sabem o que é PLANEJAMENTO. Possivelmente previsíveis transtornos oriundos da reorganização estrutural hospitalar teriam justificado o vácuo entre o momento a partir do qual os recursos estavam completos para uso e o instante de seu início na prática. A rotina no hospital não terá fugido à regra de qualquer ambiente sob reformas, marcando presença o barulho, a sujeira e outros incômodos. Contudo, a estipulação de um tempo limite para cumprir algum acordo havendo conhecimento de seu impacto negativo tem no princípio do tratado o mais esperançoso ponto de saída para o acerto das condutas segundo o que se alia à conclusão das tarefas e respeito aos setores a elas não ligados. Quando não se conhece os efeitos colaterais, ocasiões anteriores ao firmamento dos compromissos configuram o período fértil para estudos e atitudes práticas.

As intervenções físicas no hospital universitário parecem ainda não representar o conteúdo inteiro no pacote. Nova proposta é partir a unidade em duas, uma para casos agudos (emergenciais, intensivos), que mais combinaria com o abrigo da ala 5B, e outro para cirurgias eletivas, diagnósticos e acompanhamento ambulatorial, ambas devendo ser mutuamente próximas. Em aliança com o isolamento nos leitos feito a fim de proteger as vítimas de FC contra as doenças transmissíveis entre si e trazidas por terceiras pessoas, a ideia veicula a chance de ficar branda nas questões de conforto e segurança a rotina dos convalescentes, médicos e profissionais da enfermagem em geral. O que para isso basta é o aprendizado da lição pelo corpo administrativo, tendo em vista o realce na importância do ordenamento nas reprogramações oriundo da incipiente acomodação dos acometidos pela fibrose que aos outros enfermos igualmente beneficiará.

O momento em que foi autorizado, enfim, o departamento a operar buscando as evoluções em sua área que o originaram fora saudado pela ministra de Estado para assuntos ligados à saúde Kathleen Lynch, do Partido Trabalhista. A mídia local e nacional também integrou esse coro, de uma forma exemplar necessária de ser exportada para cá. A mesma energia que levava os jornais irlandeses a fazerem seus repórteres meterem o pau na administração do hospital (o que se nota nos nomes abaixo das manchetes de notícias acessíveis clicando em pertes destacadas deste artigo) moveu as engrenagens que induziram os veículos a celebrar diretamente o grande feito, em detrimento às cópias de notícias tiradas de acessorias governamentais predominantes em nossa imprensa de pequeno e médio porte. Mas os deveres dos meios informativos e da ministra seguem na forma de cobranças para a preservação da vitória obtida após tanta pedreira enfrentada e da reputação dos serviços públicos na Irlanda e países equivalentes. Não é aceitados desleixo na repressão a provavelmente pequenos grupos de regentes do bem-sucedido sistema dispostos a sabotá-lo em benefício próprio.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Omissões que soterraram vidas e sonhos

Justiça de novo em busca de garantias de retidão

A solidez do inédito nível de apoio que Lula recebeu para voltar aonde já esteve