China: um território "coração de mãe"?

Os mais de 30 anos em que o pais mais populoso do mundo a apenas um limitava o número de filhos por casal, sem tantas conquistas, acabaram em exato alinhamento com 2015. É tarde e não tem como o Partido Comunista da China retroceder nos compromissos para entregar um país melhor às futuras duplicadas gerações que firmou oralmente e por escrito.

Uma inquietante realidade endêmica em países que com alguma destreza ao manobrar a receita pública aumentaram a expectativa de vida de seus residentes chegou também à China, sob o agravante da grande concentração humana. Frear essa corrente aumentando futuramente a mão-de-obra disponível para cobrir o mercado de trabalho é a meta da qual corre atrás o PCC. Promessa é dívida, um alerta para o conglomerado político sobre os efeitos que vai testemunhar e sentir se não honrar o anúncio de medidas para adaptar o país às demandas fadadas a crescer.

O partido aplicava no início o controle natal se deixando instruir pelas ideias do apenas lá, nos países com governos semelhantes e nas mentes de defensores pelo mundo saudoso Mao Tsé-tung (1893-1976), uma ramificação do marxismo. A geração de um só filho valia desde as grandes cidades até as áreas campesinas. Mais tarde o cinto teve alívio no aperto para o contingente que habitava os espaços agrários. Esse foi o ponto de um desvio ideológico em parte culpado por dificuldades na participação da China no capitalismo (mesmo sendo a maior economia do mundo), não mostrando direito o governo que faz diferente da forma sombria como tratava o povo {e pode ainda estar fazendo escondido) quando o regia puramente no sistema que se solidariza com este enquanto fica no papel.

Se localiza no critério para a permissão de dupla maternidade nos espaços bucólicos o ponto de discórdia. O significado atribuído às mulheres camponesas sob o comando de políticos incompetentes ou desviados em suas intenções foi à contramão do que em teoria almeja o comunismo em geral e, pior, o maoísmo, que favorecia os direitos dos trabalhadores agropecuários. A recusa do Poder Público em garantir ao trabalho feminino dignidades em mesmo nível que no masculino, de onde parece ter vindo a concessão de segunda chance aos casais que da primeira gravidez não obtiveram um herdeiro, é pensável de ter movido famílias às cidades, tendo espaço na crescente massa que pesa sobre si própria na forma dos engarrafamentos e ar saturado de impurezas vindas destes e das fábricas.

Os novos chineses vindouros em dobro na cidade e no campo, a depender de como está o solo que vai sustentá-los até após suas mortes, a sua frente terão ainda bastante acidentado caminho. Acompanhemos o rumo a que o boom demográfico guiará este gigante através de seus causadores fazendo pressão contra os serviços básicos (ensino, saúde e mobilidade urbana), o mercado de trabalho (com a subida nas licenças-maternidade e outras incapacitações a que se sujei atam as mães buscando deixar ao mundo cidadãos produtivos) e finanças (em sintonia com o alto custo de vida, em Pequim contabilizado em cerca de 200 milhões de yuans do berço à diplomação universitária, junto à crise para a qual a China suga um pouco o mundo em virtude de sua grandeza econômica). Felizmente o conhecimento desse dilema não tem como primeira necessidade a consulta aos grandes noticiários mundiais, mas também não se podendo negar a ausência de caráter absoluto na liberdade para a emissão dos conteúdos críticos por lá.

Mais intenso foco de investimentos na ampliação do espaço e qualidade de escolas e estabelecimentos de saúde. Exigência de combustíveis em melhor qualidade disponíveis aos transportes e indústrias e monitoramento das condições do ar pelos governos das províncias e a liderança federal, esta até se fazendo presente nas áreas mais longínquas ao supervisionar o empenho das autoridades locais. Menos tolerância ao usufruto privado de bens comuns, em que pode haver certeza de veracidade por causa de bom reconhecimento por especialistas e organizações internacionais. A sinceridade nas mencionadas ações, ajudada por maior capacidade de aceitar críticas como auxílio para corrigir erros, é para ser adotada o quanto antes a fim de que se consiga lidar com as necessidades da população, que crescerá sem acompanhamento pelo espaço nacional, cabendo-lhe mudanças. (Veja reprodução autorizada no Dourados News.)

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