Pequena liberdade, pouca idade, grande tragédia

Dezesseis anos é a idade do jovem que recebe o fardo originário da negligência paterna. Tanto teve permissão para assumir o volante do carro de seu genitor que, se arriscando em "rolê" mais longo com a namorada, a matou em terrível acidente no Jardim Tarumà, em Campo Grande.

Mariana Oliveira Meira é mais um nome a estampar as coletâneas de dados jornalísticos e estatísticos como vítima de nossa atual geração precoce, mesmo não tendo colaborado para assim terminar sua jornada que reservava a concretização de seus planos, até mesmo na companhia de quem induziu o desfecho, ambos tendo se conhecido na escola. A maturidade projetada e imposta pelo presente quadro social no tocante à moralidade é "evoluída" demais para o fixo tempo biológico de assimilação pelos indivíduos dos estímulos relativos à sexualidade, lida com substâncias psicoativas legalizadas ou não e noções de manuseio veicular.

As questões sociais morais envolvem basicamente os valores com que a sociedade é irrigada por seus líderes políticos e culturais. A desatenta confiança do pai do garoto ao permitir-lhe manobrar o carro a pequenas distâncias a fim de lavá-lo – de certo porque a garagem não tinha espaço para comportar os itens de asseio – o aproximara dos valores libertinos associados conforme propaganda midiática ao pleno aproveitamento da juventude, que seguem de vento em popa sem resistência por boa parcela dos alvos e das organizações públicas encarregadas de pôr rédeas nas expressões artísticas mediante providências didáticas e punitivas. O lucro dessa minoria de gigantes, por priorizar a eles, logicamente não evita, sem remorso, que a massa de manobra geradora das riquezas com a dilapidação de suas energias só receba e elimine excrementos do processo.

Mateus é o nome do garoto, segundo reportagens no Correio do Estado e da TV MS Record. Neste último caso a revelação"escapou" na entrevista a um colega dele e de Mariana na escola Padre José Scampini, em contraste à ação deliberada do jornal. Que brecha no Estatuto da Criança e do Adolescente a respaldou? Mais corriqueiro é expor nomes de menores infratores quando eles sofrem consequências realmente graves de seus atos, dando-se mais importância à morte, sendo que o protagonista da colisão carro-poste perto da avenida Lúdio Coelho no máximo fraturara membro inferior, enquanto a passageira em cheio foi atingida pela estrutura, partida em três. Que pena o jovem não estar vulnerável à punição adulta, da mesma forma como parte de seus dias de fama na mídia!

E as leis não darem a pessoas de sua estirpe o certificado de maturidade obrigando-as a sustentá-la. Tendo vigor para se iniciar na curtição, ele haverá de ser o mesmo para a labuta, lógico que sob condições de respeito à segurança e aos direitos trabalhistas. Produtivo caminho é estimular voluntariamente os jovens com habilidades que tendem a uma profissão. Modelo assim está com os dias contados em Portugal, fato de compreensível identidade com a linha política do partido autor da "benfeitoria". O que será de nossa pátria-mãe se seus jovens, para encobrir o vácuo pedagógico, iniciarem-se em contatos mesmo que virtuais com a fatia malandra da juventude de sua mais notória ex-colônia?

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