Descartada pelo sistema que ajudara a manter
Cavalar tempo recebendo instrução necessária a sua carreira passaram os dirigentes e o médico que orientaram os primeiros socorros a Elizângela, ambos colegas de trabalho no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, a 30 de outubro. Na ocasião em nada influenciou o acervo mental de saberes destes elementos, logicamente compreendendo as disparidades entre quadros cardiorrespiratórios graves e "crises nervosas", "chiliques" ou "pitis" decorrentes da intenção em obter atestados que nela teriam os plantonistas "diagnosticado" sumariamente e com base nas quais impediram-lhe fornecimento de auxílio emergencial sob ameaças punitivas a quem nadasse em direção oposta à corrente, recorrendo-se à administração de diazepam como única alternativa.
O acalorado fim de semana prometia mesmo! O não encontro de melhoras na sequência da alta que Elizângela tivera após o inconsequente atendimento gerou a decisão de encaminhá-la para o Hospital Municipal Evandro Freire, no bairro carioca Ilha do Governador. O que com a trabalhadora que prolongou muitas vidas no estabelecimento onde atuava e lhe fora negado acesso aos insumos e procedimentos que usou na labuta podia ser feito sob práticas de um enfermeiro autorizado pela segunda instituição a proceder como médico sem os necessários reforços nos conhecimentos para atenuar o abismo entre as competências das dispares áreas? E como repercutia juntamente a falta de sólidas conclusões fundamentais à compreensão do que se passava com a mulher para obter as quais os funcionários do HEAPN não aproveitaram a oportunidade!
A cascata de erros impede que se finque bases bem sólidas em tentativas de responsabilizar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para onde foi Elizângela levada em Mesquita na segunda-feira continuando a sentir dores no peito e falta de ar. Lá mesmo o Dia de Finados fez-se como um diretamente triste marco na história desta família!
Não só a parentes e amigos, a técnica em enfermagem deixou formidável herança, as denúncias feitas poucos dias antes da morte naqueles chocantes áudios no WhatsApp e outras esporádicas queixas. Relativa certeza existia de em determinado tempo surgir um desfecho assim, mesmo na crença de que poderia vitimar pacientes comuns, nos expedientes de um médico que achava estar trabalhando numa fábrica de colchões, justo o que dera as esdrúxulas ordens no atendimento à colega. Abafar as influências do Hospital Adão Pereira Nunes nas investigações engajando nela o CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) e imunizando contra represálias os funcionários que se oferecerem para testemunhar em prol do bem da categoria é uma virtuosa ideia da deputada Enfermeira Rejane (PCdoB) – que a mesma propôs em reunião com entidades da área, parentes e amigos da trabalhadora no encontro à ordenada verdade. Quanto à proposta de encaminhar o caso à ONU, também feita pela parlamentar, quem saberá o que circunda a proposta? A atenção do órgão internacional seria despertada para os efeitos da má administração pública brasileira e mundial através da apresentação de fatos que – variando segundo as nem sempre credíveis aspirações da entidade – nada significam para o mesmo não estando demonstrada a coligação com esse fator?
A mídia desapegada a governos ou corpos administrativos hospitalares convocamos para similarmente ao quanto dividem com pacientes a indignação pela aparentemente simbólica existência da saúde pública abrir-se para o pouco valor humano dado aos que sua parte fazem por um serviço justo, ainda mais na hora em que dele utilizam quando se deparam com os dilemas em cuja resolução ajudam ao próximo, mostrando não haver diferenças no grau de humanidade. Passo complementar é a cobrança junto aos sistemas que respondem pela seleção de recursos humanos e materiais a terem por destino a serventia comum (as universidades, os órgãos reguladores e o Estado, maior responsável pela gerência do aparato) de que para ambos os lados termine a missão de abastecer interesses senhoriais.
(Informem-se sobre o caso:
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