Olarte Mandela, o atual líder da segregação social campo-grandense

“Grandes estadistas, grandes líderes, passam por circunstâncias como estas. Nós precisamos ter uma visão global de vida e da história. Porque não mencionar aqui os grandes homens e eu diria até Nelson Mandela. Quantos anos ficou na prisão e se tornou um divisor de águas pra história da África do Sul? Eu sou pequeno diante das forças daquele homem e são só cinco dias, não aproximadamente 30 anos. Mas eu acredito no poder de transformação, no perdão e no amor.” Assim foi parte dos agradecimentos do vice-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte, ao deixar a prisão temporária no Presídio Militar, imergindo o nome deste herói e de outros a seu nível em circunstâncias distorcidas que favoreceram o réu e seus chegados no acesso mais flexível ao que queriam chegar. Os vestígios e efeitos delas vão tardar a desaparecer, entretanto, por terem se impregnado sem obstáculos justo nas engrenagens das máquinas encarregadas de sua limpeza.

O governo Alcides Bernal, na sequência de sua eleição no pleito municipal de 2012, se fundou numa base já muito gasta por sua massiva existência em nossa política e aparenta seguir nessa trilha após seu restabelecimento no último agosto que revertia a cassação de 12 de março de 2014. Em 2013 a eficiência dos serviços de que tem direito quem por lá mora ou transita, quando necessário, começaram sob o comando dos novos gestores a exibir novas evidências de deterioração (porque nunca fora a melhor do mundo), entre elas a incontrolável buraqueira nas vias públicas e a incapacidade para a liderança na saúde, ensino e coleta de lixo, os três que enfrentaram greves só nestes últimos meses.

Interesse dominante nas duas primeiras fases da condução municipal terá sido o de seus responsáveis em manter seus parceiros aglutinados a eles na lida com suas tarefas e com os mesmos partilhar vantagens, razão pela qual guerreiam os dois pretensos líderes do Executivo antes taxados de amigos por serem do mesmo partido (PP) e os correligionários de um dos combatentes, um empresário, vereadores e parte do setor judicial.

É mais comumente esperada uma relação de sociedade entre um líder do Executivo e seu vice em escândalos políticos, equilibrando a simpatia das pessoas e organizações pretendentes de parceria. Bernal e Olarte se notabilizam na história política do país ao nos abrir os olhos à existência de flexibilidade no esquema.

Na batalha encabeçada pelos dois de Campo Grande deu-se bem o que tinha seguidores de maior peso! Simples! Ambos parecem ter metas similarmente afastadas do papel político, mas o casual substituto do prefeito titular foi impulsionado à frente e alcançou o posto que ocupou durante mais de um ano devendo ser grato ao poder de alguns aliados, a exemplo do empreiteiro João Krampe Amorim, de aumentar o rebanho induzindo com sucesso parte dos vereadores a cassar Bernal. Este vê sua segunda fase de governo, iniciada há dois meses após as operações Lama Asfáltica e Coffe Break (desdobramento da primeira) decifrarem o verídico sentido da interrupção, mais atolada na inviabilidade do harmônico pagamento dos que a ela e à população servem e a sobrevivência das ameaças a ela pelo sistema opositor carente de interesse em superar obadversário mediante conquistas de fato relevantes. Olarte e Amorim já foram tarde às prisões temporárias, a tempo de deixar nos órgãos judiciais gente para operar a seu favor!

Dona Dilma que se arrume para o momento em que os tucanos passarem-lhe igual rasteira, desfecho provável com o encontro entre o líder deste setor Aécio Neves e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz antes do último julgamento onde foram reprovadas as contas da petista, além da desinibida aclamação por executivos da empreiteira Andrade Gutiérrez ao presidenciável no pleito passado. Ela, que está inegavelmente desperdiçando as chances de fazer história de modo positivo como a primeira mulher na Presidência da República, está por culpa própria em via de uma hora passar a ter em seu lugar algum santo de pau oco do PSDB ou agremiações alinhadas disposto a "trabalhar" contrariando as idealizações de quem neles vê Messias políticos! O exemplo dado por Olarte seria muito aproveitável se repercutisse bem, podendo ser adaptado ao lugar de origem do principal líder de oposição federal, que tem sua própria bastante renomada personalidade histórica, Tiradentes.

Um dos abusos do governo imperial a que se opunha este, no comando da Inconfidência Mineira, era a derrama, uma monstruosa cobrança de tribunos comparável em certa medida ao que nos é feito hoje pelos maus gestores cuja existência não é monopólio do PT. Nelson Rolihlahla Mandela orbitou sua vida em torno da revolução pacífica (uma profecia anunciada por seu segundo nome, "agitador" na língua xhosa, sua tribo de origem) pelo convívio harmonioso entre pessoas de todas as teóricas "raças", para sua identidade cair na profana mente de um vice-prefeito "pastor" que pretendia encher de mimos quem a ele se aliasse cegamente e distanciar ainda mais a maioria alheia aos planos dos direitos básicos. Mas vem chegando a ocasião em que as categorias lesadas poderão e ao mesmo tempo deverão tirar de cena o sujeito que assenta as justificativas para seus vergonhosos objetivos na brilhante reputação de um herói nacional e tudo e todos possuidores de vínculo ao mesmo! Quero ver a população politicamente evoluída de Campo Grande e seus pares do país inteiro expressando-se nas urnas em 2018 também!

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