Camisa de pouca força

Há algumas semanas as luzes e as câmeras da imprensa em ação voltam-se para o pintor no ramo da construção civil Jorge Luiz Morais de Oliveira, 41 anos, a simplória casa onde morava e matou e escondeu seis pessoas na Favela Alba, Vila Santa Catarina, São Paulo, e as famílias das duas vítimas identificadas, além das investigadas por possível grau de parentesco com as remanescentes. A nível regional isso se repetiu aqui no estado, trazendo de volta à mídia Dionathan Celestrino, "Maníaco da Cruz", que demonstrou não ter adquirido sociabilidade sete anos após, ainda de menor, entre julho e outubro de 2008, praticar em Rio Brilhante três assassinatos (de um pedreiro e duas meninas adolescentes) e deixar os corpos de braços abertos e pernas juntas, como nos relembra seu apelido. O Poder Público e a sociedade, que não detiveram eficazmente os voos de comprovado caráter nocivo alçados por estes seres, vêem e recebem os impactos da reprise de anormalidades partidas dos serial killers.

Justiceiros morais numa luta contra os párias dos bons costumes. Assim se rotulavam os dois assassinos em questão, graças ao empuxo que parte da sociedade e a mídia sensacionalista lhes deu cobrando o surgimento de gente apta a substituir o falho Estado no contorno desses anseios, num sistema de prática e retorno onde há outras pessoas capazes a dar o troco na mesma quantia até aos inculpáveis familiares dos "heróis". Os parentes de Jorge já conhecem significado disto! O dito cujo e Dionathan tinham como alvo usuários de drogas e adeptos de preferências sexuais ainda muito estigmatizadas. O achado das peças do quebra-cabeça que explica a dinâmica dos esforços de purgação social, porém, mostra ser trabalhoso montá-lo por constar dentre elas elementos impossíveis de serem associados perfeitamente por discordâncias entre os atos e parte das ideias dos matadores. O enquadramento do "Monstro da Alba" em uma das categorias que vinha debelando – viciado – e os supostos favores que o responsável por projetar Rio Brilhante no âmbito nacional fizera a quem cuja existência ele nega – Deus – confinam o "profissionalismo" deles em subjetivas orientações intrínsecas a um arranjo insano perante a razão de suas experiências pessoais.

Adicional linha existente nas histórias destes assassinos que as entrecruzam é o progresso em suas desordens psíquicas durante as medidas de ressocialização, o contrário da proposta que as cria e mantém. A vida louca de Jorge, iniciada há mais de vinte anos, passando por dois homicídios, participação no narcotráfico, sequestro, cárcere privado e motim carcerário, é recompensável com um longo cerceamento de sua liberdade paralelo a, na medida do possível, providenciarprovidências centradas em reabilitá-lo socialmente por meio de acompanhamento psicológico, investindo em potenciais habilidades do mesmo em atividades benignas e dando-lhe abrigo, alimentos e utensílios de uso cotidiano em condições humanamente próprias de proveito, mas ele tem a sorte de viver no país do "chove e não molha" para muitos bandidos, motivo porque saíra da cadeia em 2013 evoluído, para o bem apenas da indústria criminosa! Da mesma forma com que vem sendo tratado o caso de Dionathan, o de mais notavelmente impossível normalização, grandioso feito dos governantes que, só depois de o triplo assassino agredir companheiros de cela no Instituto Penal de Campo Grande, demonstrando ingratidão para com os mesmos por beneficiar-se de sua creative technologie – o cabo de vassoura transformado em "lança" com o qual atacou na sequência um agente penitencio –, e fazer greve de fome, se lembraram de, a todo vapor, "caçar" um estabelecimento à altura de sua lucidez, não bastasse os riscos aos colegas e funcionários da UNEI (Unidade Educacional de Internação) entre os 16 e 21 anos. Ainda muito chão há de ser percorrido, tendo em vista o insucesso logo na primeira tentativa graças à recusa de atendimento por um manicômio paulista!

Criminosos representados pelos dois exemplos integram uma carga de difícil ou impossível trato pelo sistema penal comum em consequência de suas metodologias não viabilizarem a desejável compreensão dos complexos elementos emocionais e ideológicos que embasam os delitos vindos desta categoria, fazendo-se imprescindível a presença de auxílio mais avançado. Por culpa das ações governamentais que não oferecem boa representatividade aos pacientes e profissionais psiquiátricos lançando-se timidamente na abertura e gerência de hospitais e clínicas do gênerogênero, no maior esclarecimento do povo acerca desses distúrbios através de campanhas de saúde na grade curricular das escolas e na vigilância dos serviços prestados pelas instituições particulares, numa soma com as insanidades incitadas pela mídia de massa e bem absorvidas pelas cabeças com parafusos a menos fica cada vez menos praticável mantermo-nos distante de loucos mal-domados, nem no universo político sendo impedido seu avanço!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Omissões que soterraram vidas e sonhos

Justiça de novo em busca de garantias de retidão

A solidez do inédito nível de apoio que Lula recebeu para voltar aonde já esteve