A morte mal concluída dos ideais políticos desumanos

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) Vagner Freitas chegou atrasado na relação dos mais novatos indivíduos a compactuar com idéias tirânicas como via de solução para o caos político e, na prática, geradora de benefícios apenas a seuas autores e quem a eles vincula-se em busca de privilégios, incitando, no dia 13, os correligionários do ajuntamento a "ir pras ruas entrincheirados com arma na mão se (os opositores ou "coxinhas" no palavreado petista) tentarem derrubar a presidente Dilma". Nas ocasiões exatas e antecedentes a sua morte aos 86 anos há 6 dias antes num hospital militar em Santiago, capital do Chile, o ex-general Manuel "Mamo" Contreras Sepúlveda recebia os louvores finais de um grupo social minoritário, com razão, dando-lhe o esperado "valor" cultivado com o título de criminoso mais abominável daquele país após dar à DINA (Direção de Inteligência Nacional) os comandos que moveram esta polícia política ao destino de sair barbarizando por entre o povo nos anos 70, auge do regime Pinochet.

Lamentamos a falta que "Mamo" começa a fazer, praticamente só a sua família, por a sentirmos da forma igual quando perdemos entes queridos nossos. Mas os péssimos bocados que o velho militar vinha passando na luta contra diversos males (inclusive o câncer), para a qual os médicos já viam como esgotadas as chances de vitória e, por isso, apenas mantinham-no a base de morfina, sobre ele pesaram até demais junto com os 500 anos de prisão a que foi condenado, escapando a isso se as leis chilenas tiverem a mesma qualidade que as nossas, e as reuniões populares (uma delas concentrado em frente ao centro médico) festejando seu passamento ainda naquela noite, pouco depois do anúncio.

Houve por parte dos familiares (exceto um suposto que, do interior de um carro, ameaçara usar arma de fogo contra um cinegrafista televisivo) compreensão sem alternativas da reputação de seu membro ilustre fora de casa, levando-os a escolher por cremar o corpo ainda na madrugada do dia seguinte no Cemitério Católico – e aí, Vaticano, vai tomar alguma providência após estes seus representantes terem aceito lidar com um cadáver de alma imunda? – sob o risco de revoltas coletivas parecidas com os rumores propagados na cidade de Castelo do Piauí após as agressões e estupros contra aquelas quatro garotas, e a rejeição de honras pela ex-segunda família do grande assassino, o Exército. A esperada majoritária recepção social das informações fúnebres, entretanto, fez o sujeito citado antes, um homem que esbravejou numa manifestação de adeptos dos direitos humanos e outros os contreristas-pinochetistas exporem-se pra fora do armário da ignorância, incompatível ao dos gays em termos de decência, em vez de mantê-los lá enclausurados, com vista à expressão de sua raivosa dor de cotovelo quando esbarram no certo triunfo, ainda que muitas vezes tardio, do bem comum sobre vocações egoístas de seletos conjuntos políticos.

O terror dominou Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, na forma daqueles 18 assassinatos transcorridos em 3 horas na noite do dia 13, na tarde do qual o presidente da CUT não aproveitou o direito a zíper na boca proferindo impropriedades semelhantemente repetidas pelo vereador petista Élio Brasil, de Porto Seguro (BA), neste caso comparadas ao golpe militar de 1964. Pendendo mais a uma provável caça às bruxas impelida por alguns PMs ou guardas civis metropolitanos na pretensão de vingar mortes de dois colegas (um de cada órgão) rejeitando as formas legais de encontro e punição a suspeitos, a matança caberia no esboço desse tipo de idéias infiltradas na cabeça de referidos representantes do povo. Depois Vagner se retratou frente à imprensa explicando ser apenas figura de linguagem comum no mundo sindical o que dissera. As autoridades, porém, não devem ter sensibilidade à explicação, uma vez conhecida a intimidade de alguns movimentos sindicais (CUT e MST, por exemplo) com as doutrinas de Karl Marx e outros pensadores "do povo" que exaltavam a "pauleira" em vez do diálogo aconselhado por Dilma nas lutas sociais.

Os ideais de direita, em sua meta de conservar valores tradicionais, privilegiar certos setores da sociedade e, por isso, exigir esforços de quem não pertence a essas categorias para se adaptar a suas exigências e conseguir os direitos, e da esquerda, partidária da igualdade entre as camadas sociais, quando abraçados com toda a força, acabam dando numa mesma linha de chegada, o abismo entre simpatizantes levando a vida que pediram a Deus para o sustento da qual há muito mais apropriação dos recursos públicos que nos governos democráticos, e as grandes massas populares numa pura escravidão, resultado sobretudo do foco destas ideologias extremadas em livrar-se de quem está envolvido com as adversárias. O Chile nas garras afiadas de Pinochet e Contreras criara e havia participado por intermédio do último, da Operação Condor, envolvendo muitos países sul-americanos na época comandados por militares (até o Brasil) apoiados pelos EUA em perseguições, torturas e mortes de quem não se curvava àquele sistema, enquanto uma amante e secretária de "Mamo", Adriana "La Chani" Rivas, viajava de boa para o exterior (por que então ela teria dito numa entrevista à rádio SBS que "as torturas eram necessárias"?). O mundo comunista, em menor tamanho hoje, perdeu "para seu bem" mais de 100 milhões de "porcos capitalistas" (até defender a continuação dos regimes, mas com afrouxamento dos limites econômicos, políticos e sociais, ou professar alguma religião – "o ópio do povo" segundo Marx – determinou a muitas dessas pessoas a escavação das próprias covas), processo seguramente não concluído, em contraste ao luxo de que os camadas desfrutam (exemplos: torneiras de ouro na casa do ditador romeno Nicolae Ceausescu, Iphones em poder de jovens marxistas e a aproximação das classes mais abastadas – inclusive a Rede Globo e a Folha de S. Paulo – com o PT, cujas ideologias inspiram-se nos pensamentos vermelhos e que, apesar de não ordenar explicitamente extermínios como na União Soviética ou Coreia do Norte, ameaça vidas inocentes com os rombos financeiros na saúde, educação e segurança pública).

A única mão apta para virar essa sombria página de nossa história, não custa lembrar, é o sincero e universal conserto dos modos com que tratamos a escolha e manutenção de nossos correspondentes no poder, ao qual alinharemo-nos apelando à procura e atualização de conhecimentos acerca do passado e presente de candidatos e governantes já empossados – desculpas para fugir a esse dever não sustentam-se mais graças ao avanço da internet – e a tomada de decisões quanto à eleição e guarda deles em seus cargos com base na análise do que têm feito à coletividade ao invés de suas contribuições para interesses restritos. Pedir o retorno de políticas antidemocráticas é uma manifestação apontada num par de características inerentes à personalidade de cidadãos que tratam seu digno título feito um motorista ou motociclista que faz das vias pista se corrida por faltar-lhes intencionalmente conhecimentos históricos e políticos e consequentemente profundidade em raciocínios a respeito do tema e embasar-se em borradas visões de mundo desde seus umbigos, até descartando análise do diferencial propenso a existir em suas vidas caso estivessem no sistema que vangloriam.

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