Primeiro lugar no além

Juntando-se a mínima percepção pela juventude das ameaças à saúde e a segurança que a rondam incansavelmente para dar o bote diante dos descuidos componentes desta fase ao pouco caso feito com isso por quem deveria deveria dar rédeas às experiências pelas quais passam esses indivíduos iniciados há pouquíssimo tempo na vida, obtém-se o combustível capaz de levá-los ao mesmo destino onde chegou o estudante Humberto Moura Fonseca, de 23 anos e que foi quase alcançado por outros jovens em uma festa que se passou no último dia do mês anterior em uma chácara de Bauru, no centro-oeste do estado de São Paulo. A lei do mais forte mostrou seu poder aos universitários, matriculados na UNESP, quando estes desafiaram seus limites com a ingestão de grandes quantidades de álcool em período curto de tenpo e acabaram sendo derrotados por sua força superior, sendo que quase todos tiveram uma segunda chance através de atendimento médico, excluindo o caso da vítima já mencionada, para quem os resultados da batalha foram incorrigíveis.

A estrutura fornecida para a festa foi a merecida pelos seus participantes e organizadores por ter se adequado ao tratamento oferecido por ambos os lados (constituídos por alunos integrantes de repúblicas estudantis), juntamente com os administradores da chácara e as instituições públicas fiscalizadoras, aos processos indispensáveis à regularização do espaço e das condutas adotadas no evento para um lazer com responsabilidade em relação à vida dos convidados e dos demais cidadãos. E a culpa não foi unicamente da falta de iniciativa dos promotores da confraternização em contatar as autoridades para essas averiguações preventivas. A ampla divulgação, nos cartazes e propagandas em redes sociaissociais, da celebração, de competições envolvendo abuso de álcool – o que era expresso por seus nomes: "Maratoma" (tomar), "BeerPong" (certamente a combinação de beer, cerveja em inglês, e ping pong) e "Círculo Alcoólico" – anunciava sem disfarces e com bastante antecedência o que estaria por vir, dispensando pedidos de inspeções ou denúncias. Nada disso, contudo, fez os órgãos governamentais colocarem em ação sua mão-de-obra e equipamentos nesse trabalho que correspondia exatamente ao propósito com que são adquiridos e mantidos pelo Estado com o apoio de seus usuários. Por consequência as irregularidades da festa incluíram até improvisos no atendimento médico prestado no local com o uso de uma ambulância privada que dispunha apenas de chá de boldo, remédio caseiro usado em casos de bebedeira, mas não deu conta do nível alcoólico dos estudantes, alguns dos quais chegaram ao coma, entre eles o jovem falecido. Logo as vítimas eram enviadas a uma unidade de pronto atendimento nas imediações, onde continuaram dependendo da sorte devido à ausência de preparo para lhes dar o auxílio exigido por esse quadro clínico em virtude de os fatos terem ocorrido de surpresa e desorganizaram o funcionamento de toda a instituição, estendendo os transtornos resultantes da bandalha aos que nem tinham conhecimento da mesma.

O ingresso de Humberto, nascido e criado na cidade mineira de Passos, onde agora descansa, em uma faculdade paulista seguramente gerava entre seus familiares expectativas de que o jovem conseguisse um bom espaço em sua área (Engenharia Elétrica), objetivo que ele estava prestes a atingir – por estar no quarto ano do curso, que costuma durar cinco anos – e para o sucesso do qual teriam colaborado os possíveis estímulos ao estudo vindos dod pais e talvez de outros parentes em parceria com as instituições públicas, em especial as da educação, que atenderam-no ao longo de sua vida. Entretanto esse mesmo percurso que levava o acadêmico à glória tinha elementos capazes de pôr a perder tudo que foi ganho nessa luta, antecipar seu fim e reduzir ou eliminar a possibilidade de recomeço, pelos quais foi atraído com propostas de adquirir ou elevar sua popularidade entre os colegas em questões de pouco interesse e com o uso de meios fáceis, mas nem sempre conforme as exigências de proteção à moral, saúde e segurança dos envolvidos e de toda a população. Parentes do universitário garantem que ele de fato gostava de reunir-se com estes e os amigos em momentos de descontração, sem, contudo, chegar a esses descontroles, não sendo isso, no entanto, suficiente para prevenir a perda de sua ligação com os princípios morais lhe ensinados pela família em meio ao desejo de se integrar entre os companheiros de curso, que não tiveram muito trabalho em transformá-lo, junto a outros participantes, em fantoches movidos a álcool e expressavam por meio dos gritos de "Au au au, o Lombadinha (apelido do jovem) é um animal!" a importância com que viam o amigo, ao passo que o mesmo, apesar do provável bom desempenho nas experiências etílicas, caminhava para a extinção. Antes de sua eterna partida, Humberto mostrava a facilidade com que o pessoal conseguira diminuir seu entendimento sobre os destinos a que podem levar as decisões juvenis inpensadas através de uma assustadora declaração em seu perfil no Facebook: "Melhor morrer de vodka do que de tédio".

As proporções adquiridas por essas atitudes inconsequentes não intimidaram a comunidade universitária. Em poucos dias as lições deixadas pelo destino que teve Humberto perderam o potencial de convencer os alunos a apelarem para formas mais sadias de entretenimento. Já se viam nas dependências da UNESP cartazes divulgando festas do mesmo porte, o que rola livremente, mesmo sendo proibido pelas normas internas, enquanto os administradores do recinto não tomam conhecimento, quando só então se mexem. Prosseguir com esse modelo de fiscalização, que não se empenha em escalar funcionários para varreduras contínuas em todo o campus, é fazer pela metade o dever de casa de capacitar os estudantes para a realização de suas metas e, com esta, terem uma maior qualidade de vida, compartilhada com suas famílias, uma vez que o o sucesso do cumprimento dessa missão nào se prende só ao funcionamento das instalações, devendo unir-se a práticas que mantenham afastadas ou enfraqueçam o poder ofensivo de ameaças à chegada a esses objetivos. Diante da carência desses reforços nas vistorias ou em conjunto com estes, vindo eles a ocorrer por vontade própria do estabelecimento educacional – o que seria um milagre – ou exigências da Justiça, uma mais intensa exposição, pelos acadêmicos dotados mais elevadas habilidades intelectuais, de suas inteligentes propostas, como algumas que podem originar competições geradoras de benefícios aos participantes que tirarem as melhores notas nas atividades avaliativas ou elaborarem trabalhos cujos resultados induzissem tenham maior condição de serem aplicados no cotidiano, pode servir como uma boa ferramenta para ajustar mais adiantadamente o que se aprende na faculdade ao que exigem os afazeres diários e o mercado de empregos e recuperar o relacionamento dos universitários (tanto na qualidade de indivíduos quanto no convívio social entre estes) com os reais valores do ensino superior, que não compreende apenas um atalho para baladas e similares.

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