Mesmo tratada, água nem sempre chega potável aos consumidores

No último dia 6, moradores do distrito de Vicente de Carvalho e dos bairros Morrinhos, Jardim Boa Esperança e Vila Progresso, no Guarujá, litoral paulista, se depararam, ao abrir as torneiras, com água barrenta e malcheirosa, imprópria para consumo. Em uma das residências foi encontrada até uma larva na água usada para encher uma banheira. Segundo a SABESP [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a situação já havia sido normalizada no mesmo dia no Boa Esperança, enquanto, no bairro Morrinhos, técnicos constataram a necessidade de reparos em um trecho da rede de água que atende uma residência em razão de problemas decorrentes do mau uso de bombas de sucção instaladas em cavaletes de imóveis vizinhos. Problemas como esse já ocorreram nos dias que antecederam o Natal após fortes chuvas, o que, segundo moradores, é comum em certas regiões da cidade.

Embora a SABESP com certeza submeta a água a um rigoroso processo de eliminação ou ao menos diminuição de suas impurezas, trabalho cuja eficiência não foi alterada pela estiagem que está igualando São Paulo ao Nordeste e também atinge as cidades litorâneas do estado, os esforços da companhia não estão colaborando para resultados satisfatórios, pois, com certa frequência, o líquido vem chegando às casas, prédios públicos e empresas de parte da cidade acompanhado de outros materiais, que lhe dão características incompatíveis com as exigências das normas da própria empresa e a legislação nacional, não sendo possível, dessa forma, seu uso, em razão de possíveis anormalidades nos canos, reservatórios e outros equipamentos responsáveis pela distribuição. Em um dos trechos afetados nessa ocorrência mais recente, foi comprovado que o problema resultou da falta de atenção por parte dos próprios moradores aos cuidados que devem ser tomados durante manutenções feitas por eles próprios nos cavaletes. Nos outros casos registrados no mesmo dia e anteriormente, pode-se suspeitar também de imprudências cometidas por cidadãos inconscientes, como ligações irregulares de esgoto que permitem a passagem de água de chuva, o que é proibido por sobrecarregar o sistema, e de falta de cuidado por parte da SABESP com os equipamento, o que talvez pode, por exemplo, causar rompimentos de tubulações que acabam permitindo a passagem de lama e detritos junto com a água, jorrando os conhecidos transtornos assim que as torneiras são abertas. O pior é que tudo isso está ocorrendo em uma cidade litorânea, cuja economia está bastante movimentada por causa do grande fluxo turístico, comum nessas épocas de verão,e possivelmente não está restrito às comunidades da periferia.

Em todo o estado, a SABESP precisa vistoriar suas redes de abastecimento e, quando necessário, fazer sua ampliação ou substituir seus componentes como encanamentos, bombas e peças de reservatórios que já não estiverem funcionando de forma tão eficiente, além de, junto com as autoridades policiais, fiscalizar os sistemas de água e esgoto de imóveis a fim de aumentar a repressão às gambiarras nesses serviços, cujos autores e/ ou as pessoas que tiverem providenciado os trabalhos irregulares devem sentir o impacto de suas escolhas no bolso e/ou quando perderem temporariamente a liberdade, morando em casas de tamanho e mobiliário reduzidos, equipadas com grades e mantidas pelo Poder Público, bastante diferentes de suas tradicionais residências. Diante da contínua diminuição do volume de água disponível aos paulistas, estão se tornando cada vez mais importantes essas ações para que esta seja ao máximo aproveitada, evitando ou reduzindo a intensidade das transformações negativas que esse fenômeno já pode estar provocando na qualidade de vida da população e na economia, devendo ser dada continuidade às medidas quando tudo se normalizar com o intuito de se garantir o correto uso dos recursos hídricos e dos empregados no seu tratamento e distribuição, cujos custos não são nada generosos aos cofres públicos e a quem os abastece.

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