Jovem problemático é morto por adolescente de igual caráter

Na tarde da última quarta-feira, Tiago Antônio de Souza, de 28 anos, o Tiago Morte, foi assassinado em sua casa no bairro Sol Nascente, em Naviraí, aqui no estado. Quatro homens chegaram em um carro e três deles entraram na residência e executaram Tiago com 12 tiros. Na sexta-feira a polícia apreendeu um dos envolvidos, um adolescente de 17 anos que já havia tentado matar a vítima com dois tiros no dia 13 por causa de uma rixa que tinham e estava foragido da UNEI (Unidade Educacional de Internação) Laranja Doce, de Dourados, onde cumpria medida socioeducativa. A última vez que Tiago foi preso foi no dia 26 por porte ilegal de arma de fgo e munições, mas foi solto ao pagar fiança. O menor respondia por diversos crimes, como roubos, furtos, tráfico de entorpecentes, porte ilegal de arma, outros três homicídios e uma tentativa. Tiago havia se mudado para a casa na noite anterior e iria dividí-la com um jovem que atua como servente de pedreiro e é usuário de drogas; ele não estava na casa no momento do crime.

Com certeza Tiago Morte não recebeu esse apelido de graça. O jovem obviamente era temido e odiado na cidade por provavelmente ter cometido delitos muito graves, como roubos e assaltos em que as vítimas tenham sido intimidades com extrema violência física e psicológica e homicídios, que podem ter-lhe rendido essa fama. E ainda pretendia dividir seu imóvel com outro rapaz que, embora seja trabalhador, também não tem uma boa reputação. Se estivesse na residência no momento da morte de Tiago, ele sem dúvida não seria poupado simplesmente por estar com a vítima ou, em caso de alguma desavença por causa das drogas, os executores o reconheceriam e aproveitariam a oportunidade para também "apagá-lo"; a polícia terá que, durante as investigações, procurar descobrir se este jovem também tem algum envolvimento no ocorrido.

É provável que Tiago Morte tenha começado a aprontar ainda na adolescência sob influência de más amizades, facilitada por possíveis negligências de sua família (que não educou o jovem desde a infância nem lhe deu bons exemplos) e dos governantes (que não teriam lhe oferecido condições para um bom desempenho nos estudos e para continuá-los, além de acesso a atividades esportivas, culturais e profissionalizantes); ele possivelmente já havia passado por essas instituições para menores infratores, mas continuou delinquindo porque estas não possuíam condições para sua recuperação (boa infraestrutura e acompanhamento psicológico e educacional eficiente) e por ter sido protegido por nossa legislação, que trata os menores de 18 anos como seres incapazes de responder por seus atos e lhes pune com, no máximo, três anos de internação, independentemente da infração que cometeram.

Então, Tiago prosseguiu com sua vida bandida até ser assassinado por quatro pessoas, entre elas um menor que, apesar da pouca idade, já era tão ou até mais perigoso que ele. Agora o garoto vai mais uma vez para a UNEI, de onde fugirá outra vez ou, se conseguir cumprir todo o seu tempo de internação, não sairá recuperado e seu grau de periculosidade pode até aumentar; com tudo isso, ele mais cedo ou mais tarde terá o mesmo destino que sua mais recente vítima.

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